Narrativas. A NFL é uma liga que vive por isso e por desfechos incríveis de histórias bem elaboradas que o destino coloca. Um mar cheio de conteúdo e acontecimentos para todos nós e, a meu ver, o Super Bowl 44, protagonizado por New Orleans Saints e Indianapolis Colts, é um testemunho disso. O motivo é o momento que as duas franquias estavam percorrendo na temporada de 2009. Esses momentos foram desenhados por dois dos melhores QB’s da história: Drew Brees e Peyton Manning.

Peyton Manning, ex quarterback do Indianapolis Colts, jogando contra o New Orleans Saints de Drew Brees.
Peyton Manning, ex quarterback dos Colts. Créditos: Getty Images

As histórias que percorriam aquele Super Bowl eram de redenção e confirmação. Peyton Manning estava em busca de seu segundo título após assistir seu irmão, Eli, vencer no Super Bowl da temporada 2007 o time dos Patriots, um dos conjuntos de jogadores mais dominantes da história, na qual Manning sempre teve dificuldades de enfrentar. Ele era o melhor quarterback da NFL, com 3 MVP’s conquistados até ali (o qual seria de novo em 2009), com 1 título de SB e MVP da partida. Mas claro, ele também liderou a liga em vários aspectos em múltiplas temporadas. Ele era o cara da época e revolucionário do jogo.

Drew Brees, quarterback do New Orleans Saints.
Drew Brees, quarterback do New Orleans Saints. Créditos: Getty Images

Do outro lado tínhamos Drew Brees. Um QB com a estatura menor do que o convencional, porém, ficou conhecido por ser um dos quarterbacks mais precisos e petrolíferos da NFL (e hoje da história). Sua trajetória foi de superação por onde passou. Após ser desacreditado pelos Chargers, Dolphins e vários outros times da National Football League, ele chegou ao Saints junto ao técnico Sean Payton e elevou o nível da franquia desde a primeira temporada. Em 2009, ele tinha a chance de ser eternizado na memória da cidade, que via nos Saints um ar de esperança depois do furacão Katrina. E lá estava Brees, pronto pra exercer seu papel de líder.

O jogo

No início da partida a equipe de Indianapolis impôs um ritmo melhor e decisões mais precisas. No final do primeiro quarto, Peyton Manning lançou um TD de 19 jardas para Pierre Garçon ampliar o placar para 10 a 0. Mas seria no segundo quarto que a franquia de New Orleans voltaria para a partida com dois FG’s. Contudo, o que mais chamou a atenção na primeira metade do jogo e no início do terceiro quarto, foi a coragem de Sean Payton, HC dos Saints, ao chamar as jogadas.

Após marcar um FG e deixar o resultado em 10 a 3, eles conseguiram recuperar a bola ao forçarem os Colts a um 3 & out . Na campanha seguinte, chegaram na linha de uma jarda para o TD. Depois do 2 minute warning, Payton tinha uma decisão a tomar: arriscar a quarta descida faltando menos de 2 minutos para o fim do primeiro tempo ou chutar o FG. Ele escolheu a primeira opção, mas a defesa dos Colts parou a corrida lateral que o técnico chamou. Então, Mannning não conseguiu segurar a bola o suficiente e por isso eles a devolveram para Drew Brees, que conduziu uma bela campanha e saiu com mais 3 pontos, totalizando 10 a 6 para Indianapolis.

No início do 3° quarto, os Saints devolveriam a bola para os Colts e assim dariam seguimento a partida. Mas Payton fez algo completamente inimaginável. Um onside kick em um Super Bowl, o jogo mais importante da temporada e maior evento esportivo do mundo. Ele sempre destacou a coragem que é necessária para vencer grandes partidas e, nesse dia, ele provou que não era só da boca para fora. O time recuperou e marcou um TD com Brees passando para Pierre Thomas, dando início a segunda metade de um jogo que ficaria conhecido como o maior da história da equipe.

O placar estava 13 a 10 para os Saints e Peyton Manning tinha nas mãos a chance de colocá-los em uma situação positiva novamente. Como esperado, ele não decepcionou. Faltando 6 minutos e 15 segundos para o final do 3° quarto, os Colts chamaram uma corrida e passaram na frente do placar, com o signal caller orquestrando as jogadas e realizando uma ótima campanha.

Flashback: Lance Moore's Super Bowl XLIV 2-Pointer after Drew Brees pass.
Lance Moore converte os dois pontos. Créditos: Getty Images

New Orleans respondeu rapidamente com um FG, deixando o placar 17 a 16 no 4° quarto da partida. Entretanto, os Colts devolveram a bola sem pontuar e deixaram nas mãos de Drew Brees um possível desfecho para o Super Bowl XVIL, na qual ele não titubeou. Espalhando a bola como poucos, Brees passou para 8 recebedores diferentes e comandou uma campanha sólida terminada em TD para o recebedor Jeremy Schokey, deixando os Saints na frente com 22 a 17. Porém, como sabemos, Sean Payton nunca se satisfez. Ele decidiu ir para dois pontos e ter uma vantagem de 7 pontos perante Indianapolis.

Após o snap, Brees faz um passe para Lance Moore e com sucesso realiza a conversão de 2 pontos. Contudo, do outro lado tinha até então, o melhor QB do mundo e as chances de empate eram reais.

10 turning points that led Saints to Super Bowl XLIV championship.
Tracy Porter com a bola nas mãos. Créditos: Getty Images

Manning fez passes ótimos e chegou a 31 jardas do campo de ataque faltando 3 minutos e 24 segundos, numa 3° descida para 5 jardas. É uma das chamadas mais importantes do jogo, na qual ele fez o passe… e é interceptado por Tracy Porter, que vai direto para a endzone e realiza a pick six. Assim, sacramentando por completo o título inédito de New Orleans, que passou por furacões e reviravoltas, e agora nas mãos de Sean Payton e Drew Brees, se tornam campeões do Super Bowl XLIV.

O QB dos Saints foi eleito o MVP da partida com 288 jardas passadas, 2 TD’s e 32 passes completos, o que foi um recorde na história do Super Bowl. Mais de dez anos depois esse jogo ainda é o que eu mais gosto. Como torcedor de New Orleans, não posso negar que esse foi o melhor dia como apaixonado por futebol americano que já tive. E é isso o que o esporte pode nos proporcionar, presenciar a história sendo escrita diante de nossos olhos.

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